domingo, 6 de junho de 2010

Carta ao amor que mora longe

Foto de Linda Veit
Tem dias assim meu amor
Que a alma se pinta de inverno
A distância cala as certezas
Perde-se o sentido de eterno

Tem dias que o sol não devia nascer
Prolongar no dia a severa noite
Pendurar as horas na espera de ti
Saborear a ausência como açoite,

Que me vergasta o querer
Dobra-me o sentir, veste-me de ti,
Despe-me de mim, já nada sou
Do que sonhei e construí.

Vou riscar os dias do calendário
Todos os que sofro da tua ausência
Contar só os que vivo contigo
Porfiá-los por horas de pura demência

Escreve-me na volta desta carta
Fala-me do teu desabrochar em flor
Dá-me ensejos, sorri-me de novo,
Que tem dias assim meu amor…

José Alberto Valente

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