Foto de k ng
No princípio era o Sol, o primado do Sol
da resplandecência. A essência
da luminosidade pré-incrita
em desassossegos acordados
de um bando de aves, elevados
num canto divino em cantos ermos e repartidos
e logo povoados na veia dos verbos e dos sentidos.
No princípio era o abraço a explodir virginal
da madre terra em destemperos de gestos primitivos,
em mãos revoltas, de asas soltas,
sem corpos, de um amor abstracto,
sem palco, de feição feérica, de tão ardente.
E logo, logo o medo, e das neves o branco,
e o espanto
e o pranto desordenado
do ar fluido aprisionado em redes irresolutas,
em redes densas.
Depois as crenças, as lutas, a desordem
da veste e do posto, na perda acesa, na insolência
maior de um querer e não querer, no amortalhar
das palavras sem sangue,
sem massa, sem carne, a dissiparem-se
na insolvência de luas e trigos virulentos,
em cores plúmbeas de Sol,
já pétreas, pretéritas e tão presentes.
No princípio era o Sol e as palavras,
e o sonho e a utopia. E todas juntas, em agitações rítmicas
de corpos celestes, de astros alongados, estiolados em cio
na grama, no chão e na chama. Fixados de tão agrestes.
No princípio era o Sol, desenhado redondo de tão exacto
e no final o risco impreciso do precipício do gesto
da resplandecência. A essência
da luminosidade pré-incrita
em desassossegos acordados
de um bando de aves, elevados
num canto divino em cantos ermos e repartidos
e logo povoados na veia dos verbos e dos sentidos.
No princípio era o abraço a explodir virginal
da madre terra em destemperos de gestos primitivos,
em mãos revoltas, de asas soltas,
sem corpos, de um amor abstracto,
sem palco, de feição feérica, de tão ardente.
E logo, logo o medo, e das neves o branco,
e o espanto
e o pranto desordenado
do ar fluido aprisionado em redes irresolutas,
em redes densas.
Depois as crenças, as lutas, a desordem
da veste e do posto, na perda acesa, na insolência
maior de um querer e não querer, no amortalhar
das palavras sem sangue,
sem massa, sem carne, a dissiparem-se
na insolvência de luas e trigos virulentos,
em cores plúmbeas de Sol,
já pétreas, pretéritas e tão presentes.
No princípio era o Sol e as palavras,
e o sonho e a utopia. E todas juntas, em agitações rítmicas
de corpos celestes, de astros alongados, estiolados em cio
na grama, no chão e na chama. Fixados de tão agrestes.
No princípio era o Sol, desenhado redondo de tão exacto
e no final o risco impreciso do precipício do gesto
Mel Carvalho
Com a chancela da Edium Editores será apresentada a 8 de Novembro a mais recente obra da poetisa Mel de Carvalho, “No princípio era o sol”; o evento terá lugar no Salão Nobre do Paço do Sobralinho (concelho de Vila Franca de Xira) pelas 16.00 horas. Obra e autora serão apresentadas por a Prof. Dra. Maria de Lurdes Fonseca e pelo poeta Paulo Afonso Ramos. Mel de Carvalho nasceu em Lisboa no ano de 1961; é licenciada em Sociologia do Trabalho pela Univ. Técnica de Lisboa prosseguindo em doutoramento pela Universidade Nova de Lisboa. Publicou em 2007, “Sibilam pedras na encosta”; regista também diversas participações em publicações antológicas.
Grande poetisa e amiga Mel... mereces este dia e que os teus Amigos estejam presentes, para contigo, celebrar.
ResponderEliminarUm livro que irá fazer parte da minha biblioteca.
Com amizade
Luis