quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sentir o saber

Foto de Damian Puttick



Não consigo bem pôr em palavras o que sinto quando toco num livro. Livro de capa áspera, recheado de folhas tingidas por um tom amarelado que cheira a saber. Gosto de sentir com a ponta dos dedos os relevos das letras que anunciam o título da obra, de encostar as páginas ao nariz e absorver o aroma do papel. Ando sempre com um livro na mala, vá para onde for, e quando me esqueço de o trazer é como se me faltasse um bem essencial e indispensável à vida, como se de um membro extra se tratasse, tão necessário quanto um braço ou uma mão.
Ultimamente não tenho lido livros. Devoro livros. Como quem se apodera de um morango gigante coberto de natas frescas, impossível de resistir. São a companhia perfeita, sei que aquelas histórias fictícias que me recheiam a vida estão sempre ali para mim, não me abandonam. Nunca. Adicionam detalhes doces e aconchegantes à minha existência, levam-me para um paralelo imaginário, o qual muitas vezes prefiro à realidade.
Trato-os por tu, e no final, falo com eles, e sussurro-lhes os momentos mágicos que me ofereceram, como se fosse um segredo só nosso.
Companheiros de cabeceira, e de uma vida, dou por mim a preferir a companhia deles em vez de certas companhias humanas, que já esgotaram o que de cativante tinham, que para mim já não passam de simples folhas brancas, amarrotadas, com meros rabiscos escrevinhados, desprovidos de sentido. Desprovidos de vida.

Bee

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