Foto de David Stanton
Há um provérbio bem antigo que diz que “parir é dor, criar é amor”. Concordo. Não no todo mas em parte. Na parte que diz que criar é amor. Hoje já se pode ter filhos sem dor. E não são menos filhos que os que foram tidos com dor. Se houver amor para lhes dar, não interessa se a mãe sofreu ou não para os ter. E, muito sinceramente, não interessa se quem está a criar foi quem teve a criança. Ou quem “contribuiu” para que ela nascesse. Interessa apenas criar a criança com amor. Já aqui falei nas crianças maltratadas, violentadas, abandonadas. Muitas vezes com o consentimento tácito de quem devia ser responsável por elas e que nada faz.
Mas, felizmente, há crianças que são criadas com amor. Crianças que são a razão de viver dos pais. Por quem os pais fazem tudo o que está ao seu alcance para as ver crescer felizes.
Criar uma criança não é fazer-lhe todas as vontades. Nem dar-lhe tudo o que ela quer. Nem sequer não impor regras. Amar uma criança é saber dizer-lhe que não, é impor regras. Mas também é acarinhá-la sempre que possível, ajudá-la a resolver os seus conflitos (e não resolver por ela), esclarecer todas as dúvidas que ela possa ter…
Os bebés, quando nascem e assim que chegam ao colo da mãe começam logo a quer moldar a mãe ao seu desejo. Estou a ser fria? Se calhar. Mas é a verdade. Eles sabem que, se chorarem tem colo, tem comida, tem mimos (que nunca são demais, eu acho). Aos poucos a mãe e o pai tem de perceber o que é manha (e acreditem, um bebé tem muita manha) e o que é uma necessidade real.
Aos poucos, e enquanto o bebé cresce e se vai tornando numa criança, começam a ser testados os limites dos pais. E cada criança tem o seu limite de teste. Tenho esse exemplo em casa. Dois filhos. Uma rapariga e um rapaz. Diferentes como água e vinho, como a noite do dia.
Quando começam a falar começam a querer contrariar-nos. Mais uma forma de teste. E à força de tanto lhes dizermos que não, é essa a primeira palavra que nos respondem. Não. Do alto da sua sabedoria. Não. Não e Não. A tudo.
Enquanto crescem a sua capacidade de nos testar vai também crescendo. Estamos constantemente a ser testados. Mas não só. Os filhos estão sempre a tentar manobrar os pais, a tentar que façamos o que eles querem. E eles sabem bem como consegui-lo. Um sorriso, um abraço, um miminho e lá estão os pais com vontade de ceder. Claro que não podemos ceder sempre. Mas de vez em quando podemos. Não podem ser sempre eles a ceder. Serve-lhes também de incentivo.
Até que os filhos sejam adultos vão haver vários conflitos com os pais. Vão haver momentos de grande tensão, em que todos vão querer a impor a sua vontade. Cabe aqui aos pais pensar que também já tivemos a idade deles, também passamos pelo mesmo. Não quer dizer que se deixe andar e que eles façam o que desejam. Acho que temos apenas de escolher as guerras em que vamos entrar. Se entrarmos em todas vamos acabar desgastados e os filhos vão achar que estamos a contrariar apenas porque sim. Dou dois exemplos. O filho só gosta de se vestir de preto. Ok. Qual é o problema? Ele que se vista de preto. Não há nenhum risco associado a isso. A filha falta às aulas, as notas são más e não quer saber da escola. Uma guerra a ser conduzida com termos, mas de modo firme para que se perceba primeiro porque é que está a acontecer e tentar arranjar soluções de modo a que continue a estudar.
Quando a minha filha era bebé, comentei com o pediatra que esperava que, quando ela fosse mais velha, eu tivesse menos preocupações. E a resposta dele foi: desde o dia em que a sua filha nasceu que deixou de estar despreocupada. A partir do momento em que se tem filhos andamos sempre preocupados com eles. Com maior ou menor intensidade. Com razão ou sem razão. Mas sempre preocupados. E é verdade. Uma verdade absoluta. Mas sabem? Não trocava esta minha preocupação constante com os meus tesouros pela despreocupação que tinha antes.
Mas, felizmente, há crianças que são criadas com amor. Crianças que são a razão de viver dos pais. Por quem os pais fazem tudo o que está ao seu alcance para as ver crescer felizes.
Criar uma criança não é fazer-lhe todas as vontades. Nem dar-lhe tudo o que ela quer. Nem sequer não impor regras. Amar uma criança é saber dizer-lhe que não, é impor regras. Mas também é acarinhá-la sempre que possível, ajudá-la a resolver os seus conflitos (e não resolver por ela), esclarecer todas as dúvidas que ela possa ter…
Os bebés, quando nascem e assim que chegam ao colo da mãe começam logo a quer moldar a mãe ao seu desejo. Estou a ser fria? Se calhar. Mas é a verdade. Eles sabem que, se chorarem tem colo, tem comida, tem mimos (que nunca são demais, eu acho). Aos poucos a mãe e o pai tem de perceber o que é manha (e acreditem, um bebé tem muita manha) e o que é uma necessidade real.
Aos poucos, e enquanto o bebé cresce e se vai tornando numa criança, começam a ser testados os limites dos pais. E cada criança tem o seu limite de teste. Tenho esse exemplo em casa. Dois filhos. Uma rapariga e um rapaz. Diferentes como água e vinho, como a noite do dia.
Quando começam a falar começam a querer contrariar-nos. Mais uma forma de teste. E à força de tanto lhes dizermos que não, é essa a primeira palavra que nos respondem. Não. Do alto da sua sabedoria. Não. Não e Não. A tudo.
Enquanto crescem a sua capacidade de nos testar vai também crescendo. Estamos constantemente a ser testados. Mas não só. Os filhos estão sempre a tentar manobrar os pais, a tentar que façamos o que eles querem. E eles sabem bem como consegui-lo. Um sorriso, um abraço, um miminho e lá estão os pais com vontade de ceder. Claro que não podemos ceder sempre. Mas de vez em quando podemos. Não podem ser sempre eles a ceder. Serve-lhes também de incentivo.
Até que os filhos sejam adultos vão haver vários conflitos com os pais. Vão haver momentos de grande tensão, em que todos vão querer a impor a sua vontade. Cabe aqui aos pais pensar que também já tivemos a idade deles, também passamos pelo mesmo. Não quer dizer que se deixe andar e que eles façam o que desejam. Acho que temos apenas de escolher as guerras em que vamos entrar. Se entrarmos em todas vamos acabar desgastados e os filhos vão achar que estamos a contrariar apenas porque sim. Dou dois exemplos. O filho só gosta de se vestir de preto. Ok. Qual é o problema? Ele que se vista de preto. Não há nenhum risco associado a isso. A filha falta às aulas, as notas são más e não quer saber da escola. Uma guerra a ser conduzida com termos, mas de modo firme para que se perceba primeiro porque é que está a acontecer e tentar arranjar soluções de modo a que continue a estudar.
Quando a minha filha era bebé, comentei com o pediatra que esperava que, quando ela fosse mais velha, eu tivesse menos preocupações. E a resposta dele foi: desde o dia em que a sua filha nasceu que deixou de estar despreocupada. A partir do momento em que se tem filhos andamos sempre preocupados com eles. Com maior ou menor intensidade. Com razão ou sem razão. Mas sempre preocupados. E é verdade. Uma verdade absoluta. Mas sabem? Não trocava esta minha preocupação constante com os meus tesouros pela despreocupação que tinha antes.
Nota final - as discussões académicas sobre se os bebés testam ou não os pais deixo-as para quem de direito. Esta é uma opinião minha, resultante da minha experiência enquanto mãe. Respeito, aceito e gosto de conhecer opiniões diferentes porque elas me ajudam a crescer enquanto mãe e enquanto pessoa. Acima de tudo porque não tenho o condão de saber de tudo.
O mesmo se passa com o abandono escolar. A minha experiência pessoal diz-me que a culpa não é só dos pais. Nem só dos filhos. Mas também me diz que é uma "guerra" que os pais não devem abandonar. Nunca. Dei este exemplo como poderia ter dado outros. As incursões pelo mundo da droga, a anorexia, a bulimia, roubos, assaltos... são problemas que muitos jovens tem e que não se pode culpar só os pais. Nem só os jovens. Como em quase tudo há culpas partilhadas. Cabe aos pais saber resolver porque não há soluções milagrosas.
Esta crónica resulta da minha experiência como mãe. Posso falhar em muita coisa, posso vir a errar e posso já ter errado. Quero e espero fazer o melhor pelos meus filhos. Nada mais que isso. Porque é só isso que eles merecem. O melhor.
Uma mensagem importante dentro da mensagem geral...
ResponderEliminarGostei
Beijos
Olá Pedra,
ResponderEliminarQuando comecei a ler o teu texto, confesso que deslizou uma lágrima... Continuando a ler, concordo com o pediatra: Desde que um filho nasce, temos uma preocupação. Essa preocupação é para toda a vida. Digo-o eu que tenho 3 filhos adultos (31/29/24) e a minha preocupação está sempre em sabê-los felizes, com saúde e aquele sorriso no rosto...
São a minha grande obra, o meu orgulho! (Criei-os sózinha...) São o meu mundo de mãe, de mulher, da criança que sempre existirá em mim.
É neles que vou buscar toda a minha força, que já se estende a dois netos...
Obrigado do fundo do coração por este belo momento de leitura, amiga!
Beijinhos***
Olá Pedrinha
ResponderEliminarApetece-me bater palmas, literalmente!.
É tão bom ser mãe (pai), pais... Não trocaria as despreocupações do antes, pelas preocupações do agora! E te digo mais.... sinto o maior orgulho em dizer:
sou a mãe do Sol, sou a mãe da Lua!!!
jinhos
Roamaria
Ola amiga,
ResponderEliminarUm belo texto sem dúvida com uma boa mensagem.
Contudo a questão da educação é complexa e origina discussões acerca do tema. Como educador de jovens que sou, compreendo algumas coisas que referes, mas compreendo que muitas vezes, muito mais importante do que educar as crianças, é educar os próprios pais.
Existe aqui e ali algumas divergências de opiniões em algumas análises que fases, mas discuto isso em sede própria contigo :-). A única coisa que é importante é que os teus filhos devem amar muito a mãe que tem, porque tu és de facto um bom exemplo.
Bjs
Querida Amiga, sabes o quanto adorei este texto :)
ResponderEliminarRealmente ser mãe é indiscritível. O amor que se tem a um filho não é comparável a nada e só sentimos esse amor e sabemos o que é e como é quando temos um filho nos braços.
À medida que vão crescendo a preocupação vai mudando... Mas mãe tem sempre algo que a preocupe e tem sempre desejo de ver um filho sorrir.
E sabes? Também acho que mimo e amor nunca são demais, desde que haja regras não vai ser isso que vai fazer deles pessoas piores, bem pelo contrário ;)
Beijo enorme
Vera
Cada vez mais se torna mais difícil educar uma criança,
ResponderEliminarporque o tempo que temos para estar com eles é cada vez menor, por isso quem acaba por os educar são os avós, os educadores na creche, a ama, etc.
Dai ser cada vez mais difícil para os pais ter "mão" nos filhos. Os nossos princípios por vezes não passam para eles, mas sim os princípios de outras pessoas com os quais nem sempre nos identificamos. Tenho duas filhas, tento passar o máximo de tempo com elas em prejuízo de carreira profissional, mas sinto-me muito bem assim. Tive o privilégio de assistir ao nascimento das duas, é um momento único na vida de qualquer ser humano, eu pelo menos sim o considero.
Beijo
RS