Descobri hoje que nasci exactamente há 14.135 dias. Numa quarta-feira… bem, a parte de ter sido a numa quarta-feira eu já sabia. Os meus pais contaram-me. E também sei que nasci numa maternidade que já não existe, com uma médica fabulosa, chamada Laura Seixas. Mais tarde frequentei o Colégio Barreirense, que, curiosamente, era propriedade do pai da médica que me trouxe ao mundo
(entre os gritos da minha mãe que, dizem as más línguas, pedia que eu não nascesse – ao que a médica lhe respondeu – devias ter pensado nisso à 9 meses atrás.)
Ainda hoje me lembro do colégio onde andei até à 3ª classe e da professora que tive. A D Rogéria. Muito rígida, não admitia falhas mas era excelente a ensinar. Marcou-me pela positiva, afinal foi com ela que aprendi a ler e a escrever. Também me lembro do recreio, espaçoso, com sombras, árvores, amigos com quem brincar, vigilantes atenciosas e que não se importavam de brincar connosco … tudo o que precisamos para ser felizes quando somos pequenos. O meu avô, ou o meu pai, iam-me buscar ao colégio para poder almoçar em casa. Era feliz.
Quando tive de mudar para outra escola tive um desgosto que me marcou nos anos seguintes. Tudo estava, para mim, muito mal na nova escola. Fui para uns pavilhões pré-fabricados que, na altura, eram provisórios
(a minha filha, passados quase 30 anos tem aulas na mesma escola… nos mesmos pavilhões provisórios)
Nos anos que se seguiram, superei o desgosto, mas não a saudade. Mudei mais algumas vezes de escola. Nunca reprovei de ano, apesar de ter estado bem perto disso no 8º ano. Nunca foi uma aluna excelente. É curioso. Apesar de ter tido muitos professores diferentes a opinião deles sobre mim era sempre a mesma – demasiado faladora, muito inteligente, poderia ter melhores notas se estudasse.
Assim que pude, comecei a trabalhar no verão. Estar parada muito tempo não fazia (e ainda não faz) o meu género. Fiz muitas coisas nos verões da minha adolescência. Fui para a praia com as crianças duma creche, fiz inventário e vendi produtos de drogaria e materiais de construção civil, fiz contabilidade (foi aqui que ganhei o gosto pelo curso que tirei), numa papelaria, numa livraria, fui monitora num ATL de verão… foram diversos os trabalhos que fiz, todos com o gosto da descoberta e da aprendizagem. Todos eles foram úteis para me ajudarem a crescer profissionalmente.
Também entrei para os escuteiros. Um dia cheguei a casa e avisei a minha mãe que ia entrar para os escuteiros católicos e que ia ser baptizada. Não tinha sido baptizada em bebé porque os meus pais achavam que devia ser eu a decidir. Agradecerei sempre essa decisão, porque assim lembro-me bem da cerimónia do meu baptismo. Nos escuteiros aprendi ainda mais, sobre a amizade, civismo, educação. Sai uns anos mais tarde, regressei à poucos anos ao escutismo, mas sempre mantive os princípios escutistas como meus princípios pessoais. Foi também nos escuteiros que encontrei algumas amizades que, passados quase 25 anos, se mantêm com a mesma intensidade.
14.135 dias… já passaram pela minha vida vários amigos. Alguns que passaram pelos meus dias e que não ficaram, outros que passaram e foram ficando, outros que chegaram há pouco e valem tanto como os mais antigos. Todos eles, sem excepção, deixaram alguma marca.
14.135 dias depois de eu ter nascido, a família aumentou consideravelmente. Irmãs, marido, filhos, sogros, tios, tias, primos, primas, cunhados, cunhadas, sobrinhos, sobrinhas… mas, infelizmente e naturalmente, também faleceram algumas pessoas. O meu avô, os pais do meu tio, o meu sogro. De todos sinto saudades, mas acima de tudo, sinto muita falta do assobio do meu avô, quando nos queria chamar para comer aquelas torradas que todos adorávamos.
Depois de acabar o liceu passei a trabalhar a tempo inteiro. Ainda estava a estudar na faculdade quando comecei a trabalhar. Depois duns primeiros meses em que não gostava do que fazia, tive a sorte de mudar para um serviço que adoro, que é um desafio permanente e onde, felizmente, tenho colegas com quem me dou bem. Um ambiente de trabalho fabuloso, o que ajuda bastante.
Trabalhei e estudei ao mesmo tempo. Os dias eram passados no trabalho, o princípio da noite na faculdade. Demorei a acabar o curso mas acabei
(se calhar os professores tinham razão… teria bastado estudar para ser mais rápido. Ou, se calhar teria sido mais rápido, se não estivesse estado envolvida na associação de estudantes, no conselho pedagógico, no conselho consultivo e no conselho directivo do Instituto)
14.135 dias… de surpresas boas e más, de amores e desamores, de alegrias e tristezas, de desgostos, medos, receios, sonhos… dias que valeram a pena, que me fazem desejar que possa viver outros tantos.
(entre os gritos da minha mãe que, dizem as más línguas, pedia que eu não nascesse – ao que a médica lhe respondeu – devias ter pensado nisso à 9 meses atrás.)
Ainda hoje me lembro do colégio onde andei até à 3ª classe e da professora que tive. A D Rogéria. Muito rígida, não admitia falhas mas era excelente a ensinar. Marcou-me pela positiva, afinal foi com ela que aprendi a ler e a escrever. Também me lembro do recreio, espaçoso, com sombras, árvores, amigos com quem brincar, vigilantes atenciosas e que não se importavam de brincar connosco … tudo o que precisamos para ser felizes quando somos pequenos. O meu avô, ou o meu pai, iam-me buscar ao colégio para poder almoçar em casa. Era feliz.
Quando tive de mudar para outra escola tive um desgosto que me marcou nos anos seguintes. Tudo estava, para mim, muito mal na nova escola. Fui para uns pavilhões pré-fabricados que, na altura, eram provisórios
(a minha filha, passados quase 30 anos tem aulas na mesma escola… nos mesmos pavilhões provisórios)
Nos anos que se seguiram, superei o desgosto, mas não a saudade. Mudei mais algumas vezes de escola. Nunca reprovei de ano, apesar de ter estado bem perto disso no 8º ano. Nunca foi uma aluna excelente. É curioso. Apesar de ter tido muitos professores diferentes a opinião deles sobre mim era sempre a mesma – demasiado faladora, muito inteligente, poderia ter melhores notas se estudasse.
Assim que pude, comecei a trabalhar no verão. Estar parada muito tempo não fazia (e ainda não faz) o meu género. Fiz muitas coisas nos verões da minha adolescência. Fui para a praia com as crianças duma creche, fiz inventário e vendi produtos de drogaria e materiais de construção civil, fiz contabilidade (foi aqui que ganhei o gosto pelo curso que tirei), numa papelaria, numa livraria, fui monitora num ATL de verão… foram diversos os trabalhos que fiz, todos com o gosto da descoberta e da aprendizagem. Todos eles foram úteis para me ajudarem a crescer profissionalmente.
Também entrei para os escuteiros. Um dia cheguei a casa e avisei a minha mãe que ia entrar para os escuteiros católicos e que ia ser baptizada. Não tinha sido baptizada em bebé porque os meus pais achavam que devia ser eu a decidir. Agradecerei sempre essa decisão, porque assim lembro-me bem da cerimónia do meu baptismo. Nos escuteiros aprendi ainda mais, sobre a amizade, civismo, educação. Sai uns anos mais tarde, regressei à poucos anos ao escutismo, mas sempre mantive os princípios escutistas como meus princípios pessoais. Foi também nos escuteiros que encontrei algumas amizades que, passados quase 25 anos, se mantêm com a mesma intensidade.
14.135 dias… já passaram pela minha vida vários amigos. Alguns que passaram pelos meus dias e que não ficaram, outros que passaram e foram ficando, outros que chegaram há pouco e valem tanto como os mais antigos. Todos eles, sem excepção, deixaram alguma marca.
14.135 dias depois de eu ter nascido, a família aumentou consideravelmente. Irmãs, marido, filhos, sogros, tios, tias, primos, primas, cunhados, cunhadas, sobrinhos, sobrinhas… mas, infelizmente e naturalmente, também faleceram algumas pessoas. O meu avô, os pais do meu tio, o meu sogro. De todos sinto saudades, mas acima de tudo, sinto muita falta do assobio do meu avô, quando nos queria chamar para comer aquelas torradas que todos adorávamos.
Depois de acabar o liceu passei a trabalhar a tempo inteiro. Ainda estava a estudar na faculdade quando comecei a trabalhar. Depois duns primeiros meses em que não gostava do que fazia, tive a sorte de mudar para um serviço que adoro, que é um desafio permanente e onde, felizmente, tenho colegas com quem me dou bem. Um ambiente de trabalho fabuloso, o que ajuda bastante.
Trabalhei e estudei ao mesmo tempo. Os dias eram passados no trabalho, o princípio da noite na faculdade. Demorei a acabar o curso mas acabei
(se calhar os professores tinham razão… teria bastado estudar para ser mais rápido. Ou, se calhar teria sido mais rápido, se não estivesse estado envolvida na associação de estudantes, no conselho pedagógico, no conselho consultivo e no conselho directivo do Instituto)
14.135 dias… de surpresas boas e más, de amores e desamores, de alegrias e tristezas, de desgostos, medos, receios, sonhos… dias que valeram a pena, que me fazem desejar que possa viver outros tantos.
Olá Pedra Filosfal.
ResponderEliminarAdorei este Post. Também gosto de recordar os bons velhos tempos passados com a minha família e amigos no Barreiro. A nossa terra.
Também nasci na clínica, frequentei o colégio barreirense e só guardo boas recordações. Vi no outro site que outra parturiente da Dra Laura Seixas fez um comentário. É claro que todos estão convidados para conhecer o blog da Dra Laura Seixas na internet.
Mais uma bela crónica, num belo trabalho escrito pelas tuas mãos...
ResponderEliminarSem dúvida que ler este teu post, é conhecer um pouco do teu passado e da nossa terra.
Estás de parabéns amiga
Bjs
Luis
14.135??? Ena tantos!!! Dói saber que passaste grande parte desses dias sem mim... Ah! Mas agora tenho o meu anjinho sempre por perto!!!
ResponderEliminarBeijo grande
E muitos mais dias ;)
Lindo!!! Um post delicioso. Sem margem de dúvida que ler esta crónica é conhecer mais um pouco de ti.
ResponderEliminarParabéns!!!
Bjs
Laura