quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A um poeta

Foto de Sharon Jobe

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gémea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Olavo Bilac

1 comentário:

  1. UM excelente poema de um excelente poeta...

    Memorial a alguém... alguém que apenas escreve.

    Bjs
    Luis

    ResponderEliminar

Por falta de tempo nem sempre poderei retribuir a sua visita ao meu espaço, mas agradeço-a desde já.