Foto de Jacob Jozwiak
Era um dia como outro qualquer. De sol? Talvez, não sei.
Manuel estava na paragem do eléctrico em Lisboa a ler o jornal e a ver o tempo passar, o tempo e as pessoas, sempre observador. Tinha vindo de Castelo Branco visitar a sua irmã a Lisboa, sempre que o fazia gostava de passear na capital.
Alcide estava perdida. Queria ir com a sua madrinha a casa duma amiga, perto do Museu dos Coches mas nunca tinha vindo a Lisboa. Viu um jovem da sua idade, de bigode bem arranjado, olhos bem bonitos e com ar de quem conhecia a zona... Alcide não sabia, nem sabe, o que é ser tímida e logo vai ter com Manuel para lhe perguntar o caminho para o Museu.
Manuel, mais tímido, mas encantado com a beleza de Alcide logo lhe diz que era para lá que ia e que, se as senhoras o deixarem, terá todo o prazer de as acompanhar ao destino.
Lá foram. Alcide e Manuel, a madrinha cujo nome se perdeu no tempo…
Chegados ao destino Alcide e Manuel despediram-se com um aperto de mão, respeitoso aperto de mão, já que esta história se passa nos finais da década de 30, do século passado.
Quando Alcide e a sua madrinha entram na casa da amiga, Alcide comenta com elas que nunca tinha conhecido jovem tão encantador, tão respeitoso.
E Manuel… bem, ele não pode comentar com ninguém. Levantou apenas a ponta do bigode, num gesto que se tornaria a sua imagem e esperou… sentou-se e esperou.
Ainda dentro de casa, enquanto bebiam o chá, Alcide aproxima-se da janela e vê Manuel à espera… sem perceber muito bem de quem.
Quando acabou o lanche eram horas de voltar a casa. Alcide e a madrinha saíram de casa e, claro, Manuel lá estava, à porta. Nem a Alcide disse que o tinha visto à espera, nem Manuel disse que tinha esperado por ela.
Alcide, sempre a mesma Alcide, descarada, pergunta-lhe se ele sabe qual a melhor maneira de ir, de transportes públicos, para o Barreiro. A resposta foi rápida:
- Curioso, é mesmo para o Barreiro que vou, se as meninas me deixarem terei todo o gosto em acompanhá-las.
E acompanhou…
Acompanhou-a quando ela fugiu de casa para casar com ele, porque os pais dela não o aceitaram bem.
Acompanhou-a quando os pais dela, resignados, os aceitaram de volta para que vivessem perto.
Acompanhou-a quando ela teve a primeira filha, depois a segunda…
Acompanhou-a quando ela adoeceu a primeira vez, quando passaram por dificuldades, em que o dinheiro mal chegava para alimentar as duas filhas…
Acompanhou-a quando a vida começou a melhorar, quando as filhas casaram, quando nasceram os netos… depois os bisnetos.
Num dia de chuva, cinquenta e dois anos depois do tal dia que ninguém sabe se era de sol, Manuel deixou de acompanhar a mulher que sempre amou, a família que conhecia bem o seu bigode e aquela sua maneira especial de o levantar quando apenas podia sorrir por dentro… Deixou, como herança, a sua maneira de ser e de estar e o amor que sempre sentiu por todos
Manuel estava na paragem do eléctrico em Lisboa a ler o jornal e a ver o tempo passar, o tempo e as pessoas, sempre observador. Tinha vindo de Castelo Branco visitar a sua irmã a Lisboa, sempre que o fazia gostava de passear na capital.
Alcide estava perdida. Queria ir com a sua madrinha a casa duma amiga, perto do Museu dos Coches mas nunca tinha vindo a Lisboa. Viu um jovem da sua idade, de bigode bem arranjado, olhos bem bonitos e com ar de quem conhecia a zona... Alcide não sabia, nem sabe, o que é ser tímida e logo vai ter com Manuel para lhe perguntar o caminho para o Museu.
Manuel, mais tímido, mas encantado com a beleza de Alcide logo lhe diz que era para lá que ia e que, se as senhoras o deixarem, terá todo o prazer de as acompanhar ao destino.
Lá foram. Alcide e Manuel, a madrinha cujo nome se perdeu no tempo…
Chegados ao destino Alcide e Manuel despediram-se com um aperto de mão, respeitoso aperto de mão, já que esta história se passa nos finais da década de 30, do século passado.
Quando Alcide e a sua madrinha entram na casa da amiga, Alcide comenta com elas que nunca tinha conhecido jovem tão encantador, tão respeitoso.
E Manuel… bem, ele não pode comentar com ninguém. Levantou apenas a ponta do bigode, num gesto que se tornaria a sua imagem e esperou… sentou-se e esperou.
Ainda dentro de casa, enquanto bebiam o chá, Alcide aproxima-se da janela e vê Manuel à espera… sem perceber muito bem de quem.
Quando acabou o lanche eram horas de voltar a casa. Alcide e a madrinha saíram de casa e, claro, Manuel lá estava, à porta. Nem a Alcide disse que o tinha visto à espera, nem Manuel disse que tinha esperado por ela.
Alcide, sempre a mesma Alcide, descarada, pergunta-lhe se ele sabe qual a melhor maneira de ir, de transportes públicos, para o Barreiro. A resposta foi rápida:
- Curioso, é mesmo para o Barreiro que vou, se as meninas me deixarem terei todo o gosto em acompanhá-las.
E acompanhou…
Acompanhou-a quando ela fugiu de casa para casar com ele, porque os pais dela não o aceitaram bem.
Acompanhou-a quando os pais dela, resignados, os aceitaram de volta para que vivessem perto.
Acompanhou-a quando ela teve a primeira filha, depois a segunda…
Acompanhou-a quando ela adoeceu a primeira vez, quando passaram por dificuldades, em que o dinheiro mal chegava para alimentar as duas filhas…
Acompanhou-a quando a vida começou a melhorar, quando as filhas casaram, quando nasceram os netos… depois os bisnetos.
Num dia de chuva, cinquenta e dois anos depois do tal dia que ninguém sabe se era de sol, Manuel deixou de acompanhar a mulher que sempre amou, a família que conhecia bem o seu bigode e aquela sua maneira especial de o levantar quando apenas podia sorrir por dentro… Deixou, como herança, a sua maneira de ser e de estar e o amor que sempre sentiu por todos
Uma historia de amor, simples mas muito bonita.
ResponderEliminarBjs
Uma história de vida!
ResponderEliminarPor muito, que muitos não entendam, também na simplicidade existe uma grande beleza.
Beijo
Uma linda história de vida... num texto de elevada beleza e sentimento.
ResponderEliminarParabens
Uma história de vida e de Amor lindíssima!
ResponderEliminarE que belíssima herança ele deixou...
Beijo grande
Já tinha lido essa tiaaa, e adorei.
ResponderEliminarVou sempre aprendendo ctgo =)
*gosti*
Uma história real, de um amor real e de uma grande lição de vida.
ResponderEliminarÉ especial em beleza e sentimento!
Beijo no coração*
Manuela