O que são, afinal, bons costumes? Moral e bons costumes, uma expressão tão antiga e tão vaga que é quase impossível que duas pessoas diferentes tenham a mesma opinião. Bom, talvez esteja a exagerar. Se calhar no mesmo país pode haver uma ideia geral do que são bons costumes. O mesmo já não passa se analisarmos os bons costumes ao nível da aldeia global em que vivemos.
O que, para nós portugueses, é considerado um bom costume, para outros povos pode ser uma ofensa. Um exemplo pouco conhecido. Em Portugal, é aceite que uma viúva volte a casar. Na Índia já não é assim (em muitos casos a viúva suicida-se, ou é forçada a suicidar-se, logo que o marido morre, por norma na pira funerária). Na Índia ainda existe o sistema de “castas”, que defende que os homens não são todos iguais, em Portugal a teoria é que somos todos iguais.
O código civil português diz que os bons costumes são “um conjunto de regras de convivência que num dado ambiente e em certo momento as pessoas honestas e correctas aceitam como contrários a imoralidade ou indecoro social”. Agora eu pergunto. Quem determina essas regras? A imoralidade pode ser um conceito subjectivo, uma vez que depende da formação pessoal, religiosa e social de cada um.
Os católicos acham a poligamia imoral e contrária aos bons costumes. Para o islão a poligamia é aceite, faz parte da sua cultura e é socialmente aceite.
A homossexualidade é outro caso. É imoral para quem? Depende das preferências sexuais de cada um e a sociedade não pode nem deve criticar a sua existência, porque estaria a violar o direito à privacidade que cada um de nós tem. Claro que não estamos a falar de demonstrações públicas exageradas, com as quais não concordo, seja qual for a constituição do casal.
Conheço dois casos, de dois casais, em que a mulher é mais velha que o homem. Num caso ele tem 42 e ela 50, noutro ele tem 25 e ela 41. Tem tido problemas com as famílias dum lado e doutro. Sabem porquê? Porque estas relações são contrárias aos bons costumes. Porque é socialmente aceite esta diferença de idades se o homem for o mais velho, mas é criticado quando a mulher é mais velha.
Não vejo qual o problema, nem da homossexualidade nem dos casos em que os homens são mais novos. Estamos, obviamente, a falar de seres humanos, adultos, com capacidade de decisão. Desde que exista amor porque é que a sociedade os condena levando muitas vezes a que as pessoas escondam o que sentem, e se sintam mal com as suas opções pessoais? Será que cabe à sociedade este papel?
Estes exemplos, e não passam disso mesmo, de exemplos mostram o quanto pode ser contraditória a expressão “bons costumes”. Muito provavelmente serei criticada pela escolha, mas não importa.
Obviamente que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros. Se determinada acção violar este princípio que considero fundamental, então sim, para mim é contrária aos bons costumes e não pode ser socialmente aceite. Agora se não o fizer... porque é que há-de ser contrária aos bons costumes?
O que, para nós portugueses, é considerado um bom costume, para outros povos pode ser uma ofensa. Um exemplo pouco conhecido. Em Portugal, é aceite que uma viúva volte a casar. Na Índia já não é assim (em muitos casos a viúva suicida-se, ou é forçada a suicidar-se, logo que o marido morre, por norma na pira funerária). Na Índia ainda existe o sistema de “castas”, que defende que os homens não são todos iguais, em Portugal a teoria é que somos todos iguais.
O código civil português diz que os bons costumes são “um conjunto de regras de convivência que num dado ambiente e em certo momento as pessoas honestas e correctas aceitam como contrários a imoralidade ou indecoro social”. Agora eu pergunto. Quem determina essas regras? A imoralidade pode ser um conceito subjectivo, uma vez que depende da formação pessoal, religiosa e social de cada um.
Os católicos acham a poligamia imoral e contrária aos bons costumes. Para o islão a poligamia é aceite, faz parte da sua cultura e é socialmente aceite.
A homossexualidade é outro caso. É imoral para quem? Depende das preferências sexuais de cada um e a sociedade não pode nem deve criticar a sua existência, porque estaria a violar o direito à privacidade que cada um de nós tem. Claro que não estamos a falar de demonstrações públicas exageradas, com as quais não concordo, seja qual for a constituição do casal.
Conheço dois casos, de dois casais, em que a mulher é mais velha que o homem. Num caso ele tem 42 e ela 50, noutro ele tem 25 e ela 41. Tem tido problemas com as famílias dum lado e doutro. Sabem porquê? Porque estas relações são contrárias aos bons costumes. Porque é socialmente aceite esta diferença de idades se o homem for o mais velho, mas é criticado quando a mulher é mais velha.
Não vejo qual o problema, nem da homossexualidade nem dos casos em que os homens são mais novos. Estamos, obviamente, a falar de seres humanos, adultos, com capacidade de decisão. Desde que exista amor porque é que a sociedade os condena levando muitas vezes a que as pessoas escondam o que sentem, e se sintam mal com as suas opções pessoais? Será que cabe à sociedade este papel?
Estes exemplos, e não passam disso mesmo, de exemplos mostram o quanto pode ser contraditória a expressão “bons costumes”. Muito provavelmente serei criticada pela escolha, mas não importa.
Obviamente que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros. Se determinada acção violar este princípio que considero fundamental, então sim, para mim é contrária aos bons costumes e não pode ser socialmente aceite. Agora se não o fizer... porque é que há-de ser contrária aos bons costumes?
Nota final - Não quero com este texto incitar ao desrespeito pelas normas sociais. O ser humano é um ser social que deve obedecer a determinadas normas, que aceito e defendo. Mas, no meu entender, essas normas não devem impor comportamentos que apenas afectam o próprio como acontece nos exemplos que apresento e em tantos outros que podia indicar.
De facto o que é a moral e os bons costumes?
ResponderEliminarE porque é que normalmente quem apregoa tanto a moral e os costumes desrespeita toda a gente em prol dessa mesma moral? Moral??? Que moral?
Por tudo o que já tenho visto amiga... pergunto muitas vezes que moral têm certas pessoas para falarem de outras...
Gostei imenso do teu texto!
Beijo super enorme
Vera
E fico feliz ao ler teu texto tão claro, tão centrado em um assunto tão complicado às vezes.
ResponderEliminarCreio, minha Amiga, que estas “normas” estão dentro de nós. Adorei o texto! Parabéns!
Aos poucos vou regressando e vim deixar-te um carinho amigo nas pérolas incandescentes de saudade.
Eärwen
Mais uma grande crónica!
ResponderEliminarE mais uma vez com grande propriedade. Que foca alguns problemas ainda actuais, apesar de estarmos em pleno século XXI.
Beijo de parabéns
Uma boa crónica, contudo falar deste tema é complexo e não linear, muitas opiniões existem. Por exemplo, eu sou obrigado a discordar do teu ponto de vista em alguns dos exemplos que dás, mas é a minha opinião, assim como haverá quem discorde de ambos.
ResponderEliminarAo longo da crónica, demonstras várias situações, a religião, a cultura de um determinado país, aspectos sociológicos, antropológicos, económicos. Tudo isto condiciona comportamentos, estabelece padrões sociais, regras, leis, condiciona ou não o que é politicamente correcto, o que são bons costumes.
Não podemos colocar tudo num mesmo prato, este mundo que gira e gira, possui costumes que variam em todos os pontos do globo, e o que é politicamente correcto para uns, não o é para outros.
Por isso penso, que não podemos comparar culturas, maneiras de pensar, religiões, no fundo, não podemos comparar comportamentos correctos, nem pessoas.
Mesmo no próprio país, existem costumes bem diferentes, tradições que o tempo enriqueceu e que originam costumes diferentes. Agora uma coisa que é comum, a todo o país, é os comportamentos sociais que não podem violar a Lei.
Poderia focar-te comportamentos sociais, que em determinados países são correctos e que para nós, não passaria de comportamentos reprováveis e bárbaros.
Quando falas do direito de privacidade de cada um em relação à homossexualidade, esqueces de uma questão primária, que é a lei natural das coisas.
Quando falas do Código Civil Português e quem determina as regras, as mesmas são criadas de acordo com um conjunto de factores que fizeram a própria existência do país e que nos distingue por exemplo dos nossos vizinhos.
Aceitemos ou não, as boas práticas e costumes não só são determinadas pela Lei, mas por um conjunto de factores que permitem a não existência da anarquia generalizada e fortalece valores que permitem a vivência sadia numa sociedade, além é claro da própria construção dessa mesma sociedade.
Poderia entrar num campo também teológico ou até mesmo antropológico para referir-me a situações que apresentas como sendo “boas” ou “más” práticas/costumes. Mas fico-me por aqui, porque senão o meu comentário é maior que a própria crónica.
A finalizar, e para provar que a tua crónica é boa, deixo toda a minha reflexão e partilha, pois só um bom texto, permite apresentar todo este diálogo.
Nem sempre concordo é contigo amiga
Bjs
Um bom texto onde falas daquilo que por vezes é dificil de estabelecer
ResponderEliminarQuantas vezes em nome das Nor
mas e dos Bons Costumes se cometem as maiores barbaridades? Quantas vezes em nome desssas mesmas Normas e Bons Costumes, se vive infeliz escudando-os nelas quando a força nos falta para seguir em frente?
Respeitando os outros mas não nos esqueçendo também do respeito que devemos ter por nós e pela propria felicidade as Normas e os Bons Costumes existirao sempre sem que para isso nos sejam impostas
Beijinhos
SimplY Me
Escreveríamos em círculos se fossemos nos aprofundarmos neste assunto. Como na Física, a vida depende por inteiro dos referenciais. Como bem demonstraste neste texto. Portanto, quando em Roma, sejamos como os romanos.
ResponderEliminarBeijos!
Sem dúvida, é não só uma questão polémica, porque teríamos que definir moral, e aí entraríamos no campo da filosofia e da religião, o que seria uma carga de trabalhos.
ResponderEliminarUm coisa vos digo o meu conceito de moral tem mudado ao longos dos anos de acordo com as vivências com a sabedoria do tempo q passa.
Tenho aprendido a cada vez menos fazer juizos de valor...porque muitas vezes nada é o que parece...